A Pedra da Gávea

A Pedra da Gávea

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Ainda sobre D. Pedro II e a Pedra da Gávea

D. Pedro II junto à Esfinge em sua 1ª Viagem ao Egito (1871)

Ainda ontem publiquei Artigo desfazendo o mito de um suposto interesse de  nosso Imperador pela Pedra da Gávea, e alguns Amigos vieram externar suas dúvidas: Cabeça do Imperador, a Esfinge, etc. Se estes queridos Amigos já tivessem comprado  e LIDO o Pedra da Gávea: Vi, estudei e escrevi, não teriam tais incertezas... Enfim, para encerrar, volto à questão.

Esta descabida associação entre  D. Pedro II e  a Esfinge da Gávea só surgiu depois que Araken Távora publicou o “D. Pedro II e o seu Tempo”, em 1976, onde resgatou uma célebre caricatura de Ângelo Agostini, retratando nosso Imperador como uma Esfinge e da qual ninguém se lembrava mais.  A partir daí, alguns quiseram fazer retroceder no tempo a hipótese da Pedra ser uma Esfinge, o que já seria insinuado pelo renomado italiano...  Houve até um Pesquisador com olhos de lince que chegou a ver nitidamente a Esfinge da Gávea em belíssima pintura do Rio de Janeiro pertencente Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro...


Todavia, a ilustração não guarda relação com a Pedra da Gávea. Sua gênese é bem outra. O caricaturista Ângelo Agostini, um italiano radicado no Brasil, era um furioso republicano e constantemente atacava com suas “charges” o Trono. Não perdia a oportunidade de criticar o nosso Imperador e as Instituições do Império. Em 1876, D. Pedro II fez sua Segunda Viagem ao Egito. Tão logo o Imperador voltou ao Brasil, Agostini publicou a célebre caricatura, querendo significar que Pedro II era uma incógnita, uma Esfinge indecifrável, o que trazia a Vida Política Nacional em sobressalto. Nenhuma alusão à Esfinge da Gávea, que ainda não era conhecida como tal.
A hoje célebre caricatura publicada na "Revista Illustrada" (1876).
Anos mais tarde, parece que Euclides da Cunha referiu-se a Floriano Peixoto como uma Esfinge que devorara todos os que tentaram decifrá-la. E o próprio Agostini fez uma Caricatura do Marechal de Ferro como Esfinge.
Floriano Peixoto como Esfinge, na visão satírica de Ângelo Agostini.
Ao tempo de D. Pedro II apenas a sua semelhança com o rosto esculturado na Pedra era conhecida e por isso ela foi denominada de Cabeça do Imperador, como ainda é conhecida.
D. Pedro II (1874)
D. Pedro II (1874)

Foi o Professor Roldão Pires Brandão quem revelou ao Mundo, na década de 60, que a Pedra da Gávea era uma Esfinge. Esta tosca tentativa de retrogradar tal descoberta tem como única finalidade negar o mérito ao saudoso Arqueólogo. Lamentável!

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Pedra da Gávea e Dom Pedro II


Prosseguindo na retificação de informações equivocadas sobre a Pedra da Gávea, que iniciei no Artigo anterior, vou falar do nosso Imperador Sr. Dom Pedro II.

Corre por aí uma versão escalafobética sobre o interesse de D. Pedro II. Vejamos os absurdos da informação:

- Que em 1889, “técnicos” do Instituto Histórico e Geográfico concluíram que as inscrições e o rosto aparentemente esculturado na Pedra seriam obra da erosão. Tudo errado! Em 1839, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro enviou uma Comissão à Pedra da Gávea para examinar as Inscrições Fenícias, e apenas as Inscrições, e o Relatório oficialmente não se inclina nem pela feitura fenícia, nem pela da natureza. Tudo isso está perfeitamente narrado no meu Livro “Pedra da Gávea:Vi, estudei e escrevi”, onde, inclusive, reproduzo na íntegra o Relatório do IHGB.

- Que D. Pedro II se interessava vivamente pela Pedra da Gávea, graças às pesquisas de um entusiasta, que até presenteara o Imperador com uma Foto do Rosto da Gávea, que lembrava o nosso monarca. Como este acabara de voltar do Egito e acreditava que por todo o Brasil haviam vestígios de antigas Civilizações e de Inscrições Fenícias, o Imperador resolveu mandar Professores a Europa para estudar e aperfeiçoar-se em tais estudos, mas, decepção, quando voltavam, os tais sábios negavam tais vestígios e inscrições... Isto aí é um resumo do bestialógico. Vamos aos fatos.
Que se saiba, apesar de profundamente culto, nosso saudoso Imperador jamais revelou qualquer interesse pela Pedra da Gávea. Quem é o tal entusiasta, que até uma Foto tirou? O Autor desse conto, não diz e a tal Foto é inexistente. Acabara de voltar do Egito, mas, de qual das duas viagens – 1871 e 1876 – feitas por Pedro II ele se refere? O contista anônimo também não informa, porque simplesmente está fantasiando. De fato, o Imperador mantinha na Europa, do próprio bolso, um cem número de bolsistas, nas mais variadas áreas de estudo, e não unicamente com vistas à Pedra da Gávea e as Antiguidades Pátrias. E ao contrário do que preconceituosamente afirma, os eruditos Brasileiros de então, estavam sim bastante inclinados a acreditar na possibilidade de que os Povos da Antiguidade Clássica tivessem chegado ao Brasil. Examinem a coleção da Revista Trimestral do IHGB, os Anais do Museu Nacional, etc., e comprovarão o que digo.

Então, D. Pedro II não teve qualquer interesse pela Gávea? Não, não teve. Sua relação com a Pedra é meramente acidental, isto é, tendo na maturidade passado a usar uma longa barba, o nosso Povo prontamente constatou a semelhança com a Face da Pedra, que daí em diante ficou conhecida como Cabeça do Imperador. Em 1839, quando a Comissão do Instituto esteve na Pedra, tal semelhança não existia, pois Pedro II era um rapaz ainda imberbe, que só assumiria o Trono no ano seguinte (1840), com 15 anos incompletos.


Aproveito e acrescento que D. Pedro I igualmente nunca teve o menor interesse pela Pedra da Gávea, ao contrário do que tem sido afirmado em “sites” e blogs.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

O que realmente significa ABEPA

Parte superior do 1º número de "O Arqueólogo".


Depois que publiquei o meu Livro Pedra da Gávea: Vi, estudei e escrevi, eu fui verificar o que estava sendo dito no Mundo Virtual sobre a Pedra da Gávea e seus Mistérios. Felizmente, só fui fazer tal pesquisa após escrever e publicar o volume, pois, se o tivesse feito antes, não resistiria à tentação de impugnar muitos absurdos e retificar informações erradas que estão circulando, e a minha Obra acabaria por fugir a finalidade que tracei. Então, aproveitando este Blog, pretendo restabelecer os fatos referentes à Pedra da Gávea.

Iniciarei com uma retificação que muitos julgarão sem importância. Existem várias páginas e vídeos que afirmam que ABEPA é a sigla de Associação Brasileira de ESPELEOLOGIA e Pesquisa Arqueológica. Ora, fui sócio da ABEPA e me orgulho de  ter sido Amigo pessoal do saudoso Prof. Roldão Pires Brandão, Presidente e Fundador da ABEPA. Não sei quem foi o primeiro que meteu a Espeleologia  na designação, e isso não importa mesmo, mas, está errado.

ABEPA significa Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas Arqueológicas. Em certa ocasião, o Prof. Roldão, conversando comigo na Sede da ABEPA, na Cinelândia  (Rio de Janeiro), me disse que pensava em mudar o nome da organização para Associação  Brasileira de Pesquisas e Estudos Arqueológicos, pois, entendia que, por razões lógicas, a pesquisa antecederia o estudo propriamente dito. Eu contra argui, mesmo ele estando certo no seu raciocínio, que a Associação tinha aquele nome desde a Fundação (1958), e que o nome novo não teria uma sigla eufônica - ABPEA - ao contrário de ABEPA, que inclusive já era consagrada. Ele ficou de pensar mais a respeito e, como nunca mais voltou ao assunto, eu suponho que o convenci a manter o nome já tradicional.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Pedra da Gávea: Vi, estudei e escrevi - Livro


Pedra da Gávea: Vi, estudei e escrevi.

BREVE DESCRIÇÃO.

O Livro pode ser dividido em duas partes:

Na 1ª, que vai do Capítulo I ao IV, eu exponho uma série de considerações, algumas originais, sobre a História do Rio de Janeiro e a Pedra da Gávea: Inicio com a chegada dos nossos Ancestrais Portugueses à Cidade Maravilhosa; em seguida, trato da Casa de Pedra, do Rio Carioca, da Hierarquia Religiosa dos Tupis, de Sumé, da Inscrição Fenícia, da Pedra da Gávea como a maior Esfinge do Mundo, do Prof. Roldão Pires Brandão, etc.

A 2ª parte da Obra estende-se do Capítulo V ao XIII, onde dou notícia da descoberta por mim e dois Amigos de um Dólmen na encosta da Pedra, e exponho uma série de Documentos inéditos, que estavam sob minha guarda, e que revelam importantes segredos sobre a Pedra da Gávea.

Tenho firme convicção que tais Documentos serão de extrema utilidade nas mãos de Pesquisadores sérios e que não tenham medo de arrostar o desconhecido.